sexta-feira, 20 de julho de 2012

Saiba mais sobre a Cooperativa Cultural Brasileira


Marília de Lima, presidente da Cooperativa Cultural Brasileira (CCB), virá ao 1º Fórum Nacional da Produção Cultural em Pequenos e Médios Municípios para participar da mesa Gestão de Instituições e Projetos Culturais, no dia 09 às 14h.
Para se preparar para a conversa, saiba um pouco mais sobre a Cooperativa que ela preside desde 2008. A entrevista abaixo foi concedida ao site Encontros Cooperativos e aborda as ações e os desafios para apresentar o sistema cooperativista como uma solução para os problemas do mercado cultural e também como uma ferramenta indispensável para a formalização e reconhecimento dos profissionais da cultura.

Quando foi fundada a Cooperativa Cultural Brasileira e qual é o seu objetivo?
A Cooperativa Cultural Brasileira nasceu Cooperativa dos Profissionais da Música (COOPROMU) e foi fundada em 05 de maio de 2004 com o objetivo de formalizar o trabalho de músicos que prestavam serviço em diversos locais como SESCs, prefeituras, um projeto do estado de São Paulo chamado Projeto Guri e as Oficinas Culturais de São Paulo. Com o passar do tempo e as novas necessidades destes músicos e seus parceiros, em trabalhar em outros setores da cultura, a cooperativa foi reestruturada e renomeada. Hoje a Cooperativa Cultural Brasileira tem como objetivo ser uma ferramenta para formalizar, divulgar, organizar e fomentar o trabalho dos diversos profissionais da cultura.

Como funciona a dinâmica de relacionamento entre a cooperativa e seus cooperados?
Nosso principal lema é a transparência nas ações e intenções de tudo o que fazemos ou queremos fazer. É bastante complicado manter um relacionamento ativo com todos os cooperados, mas adotamos alguns canais de comunicação que tem gerado um feedback interessante. Nossos canais de comunicação:
- o site direcionado para os Cooperados, que é o www.coopcultural.org.br, onde todo o nosso material institucional está à disposição, matérias sobre cultura, editais abertos, parcerias, eventos realizados, fotos, etc. Além disso, tem o portal do cooperado, onde o mesmo pode ver seus demonstrativos de produção, demonstrativo de IR, etc.
- o site www.pontodecultura.com.br, que comercializará todos os produtos e serviços dos cooperados, além de disponibilizar informações sobre o mercado cultural.
- web-informativo semanal enviado a todos os cooperados e parceiros.
- jornal “O Toque”, publicação parceira com edição semestral.
- além de estarmos em todos os sites de relacionamento na internet com um canal direto junto aos cooperados.
Além disso, realizamos eventualmente em todo o interior de São Paulo e outros estados cursos gratuitos sobre Cooperativismo, Cultura, Projetos Culturais, Administração da carreira, etc. Hoje, nossas assembleias anuais são feitas também por vídeo conferência, via internet, para atingir um número maior de cooperados. O projeto para este ano é que todos os cooperados tenham seu certificado digital e participem em suas casas das assembleias, as quais pretendemos que sejam semestrais.


Você acredita que o cooperativismo cultural no Brasil pode ser tão forte como o cooperativismo de outras áreas, como por exemplo, o da saúde? Que fatores o impedem de alcançar seu pleno desenvolvimento?
Sim. Acredito que o cooperativismo cultural pode e deve sim se fortalecer como a área da saúde. O cooperativismo na área cultural vem como a grande solução, pois é um caminho melhor do que “emprestar” notas fiscais de outras empresas onde não poderá comprovar vínculo formal ou abrir sua própria empresa, pois a maioria dos profissionais desta área não tem experiência administrativa-jurídica-financeira e a cooperativa o ajuda nisso. O mercado da Cultura engloba não só as belas artes como teatro, dança, circo, música, artes plásticas e literatura, mas também eventos, educação, esporte, turismo, lazer, entre outros, que trabalham com patrimônio, culinária etc. A cultura é o que dá “raiz” a um povo, é o seu código. No Brasil existem hoje mais e mais investimentos para a área da cultura. Só em São Paulo serão investidos mais de 300 milhões em um grande teatro para a dança. Todos os novos shoppings que estão sendo construídos têm agora uma sala para teatro, além do cinema. O Ministério da Cultura (MinC) em suas ações tem criado projetos que, de norte a sul, tem aumentado o “consumo” da cultura no país e este é ainda menos de 10% do seu potencial. O Ministério também fomenta cada vez mais as produções cinematográficas. O turismo investe diariamente em cultura como apelo para os roteiros. A educação rediscute e se volta para a necessidade de aliar cultura à educação e já conta com uma verba de 25% do orçamento para este investimento. A produção de livros, CDs, sites culturais e produtos culturais tem crescido numa média de mais de 20%. O mercado internacional investe cada vez mais na cultura do Brasil. O Brasil é a “Bola da vez” no mercado internacional e a melhor forma de relacionamento é começar pela cultura. O Brasil tem em si inúmeras manifestações culturais, e mistura destas, de outros países o que possibilita inúmeros projetos. O desenvolvimento social também trabalha a cultura como foco. Teremos Copa do Mundo e Olimpíadas nos próximos anos e a movimentação já começou. E muitas outras informações referenciais que podem nos dar uma visão abrangente deste mercado nacional, além das referências, exemplos e necessidades internacionais.

Como fundadora da Federação Brasileira das Cooperativas de Cultura (FEBRACCULT), fale sobre os objetivos da Federação e da sua importância para o intercooperativismo.
As cooperativas de Cultura estão hoje alocadas ou no ramo do trabalho ou no ramo da produção. São cooperativas de profissionais da cultura, de artesanato, etc. A grande importância da FEBRACCULT é mostrar como o trabalho desta área é diferente das cooperativas “normais” de trabalho ou de produção e o nosso apelo cultural. Assim como as cooperativas de saúde se correspondem e orientam pelos órgãos governamentais fiscalizadores da saúde, os da área agrícola para os órgãos da agricultura etc, apesar de também serem cooperativas de trabalhadores. As cooperativas de cultura se organizam, se programam, respondem e participam de acordo com as ações e organizações do Ministério da Cultura.  A Federação Brasileira das Cooperativas de Cultura (FEBRACCULT) fortalecerá este mercado e discutirá os problemas afins a estas cooperativas. A intercooperação já é um fato no mundo da cultura, os profissionais não são fixos, não estão estáticos. Tudo circula e para isso o intercâmbio, as redes, a intercooperação será de grande ajuda, no mercado nacional e internacional. Os artistas já se cooperam informalmente há séculos. Iremos agora fomentar a melhor forma de formalização que acreditamos ser através do cooperativismo.

Quais são as expectativas em relação ao papel da Cooperativa Cultural Brasileira no mercado cultural e os planos e metas para o futuro?
Fortalecer a marca “COOPERATIVA CULTURAL BRASILEIRA”. Sermos cada vez mais transparentes. Atender mais e melhor nossos sócios-cooperados. Ajudar na estruturação do mercado cultural.
Para isso, criamos na Cooperativa Cultural Brasileira a “incubadora de cooperativas” que fomenta a criação de outras cooperativas Culturais em todo o país através de núcleos já existentes na CCB. O objetivo é que estas sejam autossustentáveis e regionais para que exista uma maior participação e um trabalho mais eficaz. Já temos hoje em andamento a criação de uma Cooperativa Cultural Brasileira em cada região do Brasil. Recife, Salvador, Sul de Minas, Rio de Janeiro, Curitiba, Cuiabá e cidades do interior de SP são alguns locais que já se organizaram.  Queremos participar ativamente da formatação deste mercado que já existe, mas ainda faltam leis, regulamentação, planejamento e projetos específicos. Cultura é um direito de todos, mas que chega a poucos.


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